“Quão bom e agradável que os irmãos vivam em união”. Salmo 133,1
Conta uma ilustração que um homem visitava um hospício. O enfermeiro mostrava-lhe pacientemente os vários setores daquela casa. Intrigado com a flagrante desproporção entre o número de funcionários e o de enfermos ali internados, o visitante perguntou:
– Vocês não têm medo de que os internos se unam e agridam vocês? Afinal, eles são em número muito maior!
O enfermeiro respondeu:
– Oh! Não, ninguém precisa ficar com medo. Os loucos nunca se unem.
Quando a igreja está unida, o inimigo, as circunstâncias, os perigos e as diferenças não tem como prevalecer contra ela. No entanto, quando estamos desunidos, cada um pensando em si mesmo, a igreja torna-se frágil. Unidade não significa uniformidade, mas disposição de caminhar junto apesar das diferenças. Somos chamados a viver a unidade na diversidade: diversidade de pensamentos, de dons, de vivenciar a espiritualidade, de temperamentos, personalidades, de liturgia, etc. E o maior interessado nessa unidade é o próprio Deus.
O salmo 133 expressa bem esse desejo de Deus. E afirma que é muito bom tanto para Deus como para seus filhos/as que essa unidade seja vivida. Segundo o salmista a unidade da igreja gera bênçãos, ou seja, Deus nos abençoa quando estamos unidos. É o que diz o vers. 3 – “Ali ordena o Senhor a sua bênção e a vida para sempre”. Portanto, se queremos a bênção de Deus temos que viver em comunhão.
A igreja quando entende o valor da unidade, da comunhão, mostra ao mundo o amor de Deus. Foi o próprio Jesus que disse em João 17, 21 – “a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste”. Vejam que unidade não é uma questão somente de garantir a bênção de Deus, mas também de responsabilidade, ou seja tem um caráter evangelístico: “...para que o mundo creia que tu me enviaste”.
A palavra comunhão no hebraico quer dizer: habitar, estar junto, sentar-se. No NT. A palavra grega é Koinonia: “aquilo que duas ou mais pessoas tem em comum.” Somos diferentes uns dos outros. Mas temos algo em comum que é infinitamente maior do qualquer diferença existente entre nós: Jesus Cristo, que morreu para nos tornar “UM” e ressuscitou para nos dar a vitória! Por isso, a nossa oração em vez de ser: “Senhor queremos ser muitos!” Deveria ser: “Senhor, queremos ser UM no Senhor!”
O salmista após enfatizar o valor da comunhão, mostrando o quanto é bom, maravilhoso e abençoadora a nossa unidade. Passa a mostrar a profundidade dessa comunhão. Para isso, ele a compara ao óleo precioso da unção. Em Êxodo 30, 22-25 mostra o valor desse óleo da unção. O óleo simbolizava a presença do Espírito Santo. Somente os sacerdotes recebiam a unção com esse óleo. Isso significava que ao serem ungidos estavam recebendo o Espírito Santo que os capacitariam para o desempenho de suas funções. Com o advento da monarquia no povo de Deus, os reis passaram a receber a mesma unção com óleo. O salmista compara a unidade do povo de Deus com esta unção. Vejam que Deus trata com a mesma importância e significado.
O salmo 133 mostra também que o óleo derramado sobre a cabeça do sacerdote descia para sua barba e para suas vestes. Isto significa que todo o corpo era atingido pela unção ou pela ação do Espírito Santo. Esse óleo exalava um perfume excelente que todos podiam sentir. Isto mostra a profundidade da comunhão que Deus quer à sua igreja. A igreja que é formada por aqueles e aquelas que foram ungidos com o derramar do Espírito Santo em suas vidas, não pode negligenciar a unidade, pois negligenciar essa comunhão é desvalorizar o sacrifício de Cristo Jesus.
O salmista após enfatizar o valor da comunhão e a profundidade da comunhão, também mostra os efeitos dessa comunhão. Para isso ele compara a unidade com o orvalho do monte Hermon. O calor do deserto castigava o povo de Israel. Por isso, o orvalho do Hermon é visto como uma bênção, trazendo frescor a todos. O monte Hermon fica a 180 km de Jerusalém, onde se encontra o monte Sião. A altitude do monte Hermon é de 3.000 metros, portanto seu cume é coberto de neve. O vento leva em gotículas esse derramar da neve para vários lugares formando o orvalho do Hermon. Uma parte da região desértica sentia o frescor desse orvalho, inclusive o monte Sião em Jerusalém. O orvalho do Monte Hermon significava bênção e vida para Sião.
Semelhantemente, a comunhão na igreja deve levar frescor e vida para as pessoas que estão no deserto. A nossa comunhão deve impactar as pessoas nos dias de hoje. Quando as pessoas olharem para a igreja, deve ver o amor em nossos relacionamentos e, com isso vão querer conhecer a Jesus que criou, formou e sustenta a sua igreja nessa comunhão bendita.
É interessante que o orvalho desce do Hermon, de cima para baixo. A comunhão que gera vida vem de Deus para sua igreja, pois o nosso Deus é um ser em comunhão: Pai, Filho e Espírito Santo. Uma união tão perfeita que vemos e cremos num único Deus! Por isso Deus quer que sua igreja seja unida!
Irmãos e irmãs, a unidade é o desejo de Deus para seu povo. Não vamos permitir que nossas diferenças, comodismo, egoísmo ou qualquer outra coisa atrapalhe ou impeça a nossa comunhão. As pessoas em nosso país precisam conhecer a Jesus e só conseguiremos este objetivo estando unidos, em comunhão, olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé.
A IPI do Brasil está completando 121 anos de história. Uma história linda de amor e compromisso com Deus e o povo brasileiro. Assumamos o compromisso de sermos UM em Cristo. Vivendo a comunhão para sermos abençoados com a presença do Cristo ressuscitado! Amém!!!
Rev. Marcos Nunes da Silva
Diretor da FATIPI
Pastor da IPI de Vila Carrão